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Cinema de animação: bate-papo sobre mercado com Cassiel Weitzel
O cinema de animação exerce fascínio sobre a mente das pessoas. Que nunca se encantou, pelo menos, uma vez com uma produção desse tipo? Certamente, algum filme da Disney ou desenho animado veio à sua mente.
O cinema de animação conquista cada vez mais pessoas interessadas em trabalhar neste mercado, que também apresenta amplo crescimento no Brasil.
Segundo dados do Sebrae, com o impulso dado pela publicidade, o número de produções de animações no Brasil saltou de 60 obras realizadas durante os anos 1960/70, para as centenas de filmes, entre curtas, longas e publicitários, produzidos da década de 1990 em diante.
De acordo com a Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA), 373 filmes de animação foram produzidos no Brasil entre 2000 e 2004, enquanto 216 filmes foram produzidos no Brasil nos anos 1990.
Ou seja, em quatro anos, foram produzidos 72% a mais do que na década anterior. Isso demonstra a força que o cinema de animação alcançou no Brasil logo no início do século XXI.
O crescimento se deve à facilidade de acesso a tecnologia para a produção, diminuindo consideravelmente os custos do processo, se comparado às décadas anteriores.
O cinema de animação cresceu e mostra-se um mercado ostensivo e apaixonante para muitos estudantes e profissionais de Artes e Design.
Para conhecer a realidade da área e entender o trabalho do profissional de animação, nada melhor do que ouvir quem trabalha com isso diariamente.
Por isso, convidamos o Motion Designer Cassiel Weitzel para falar sobre a carreira e os desafios do cinema de animação. Continue a leitura!
O cinema de animação pela perspectiva de quem o faz
Cassiel é formado em Artes e Design com especialidade em TV, Cinema e Mídias Digitais e trabalha com animação há mais de dez anos.
Em 2010, foi animador no curta Lobo Guará e a Dama de Chapéu Vermelho, selecionado para o 20º Anima Mundi em 2012 e vencedor do Prêmio Especial do Júri no 6º Locomotiva (Festival de Cinema de Animação de Garibaldi).
Nessa entrevista exclusiva, ele fala sobre o mercado e o cinema de animação e a sua história com o motion design. Confira!
Impulso Hub: De onde surgiu seu interesse pelo cinema de animação e quando você viu na área uma oportunidade profissional?
Cassiel Weitzel: Na infância assistia todo tipo de animação, dos cartoons, stopmotion, clássicos da Disney aos animes japoneses.
Este mundo sempre me chamou muito a atenção, mas fui pensar em trabalhar com animação, de fato, enquanto cursava a faculdade de Artes e Design.
Ao ingressar no curso, logo no segundo período, tive a oportunidade de entrar em um estágio onde tive contato com os programas Flash e o Photoshop, quando ainda não era tão fácil encontrar de tudo na internet.
A partir daí comecei a pesquisar mais a fundo sobre esta linguagem, fazer contato com o pessoal que trabalhava com animação, fazer oficinas e workshops de animação tradicional e stopmotion.
Após o meu primeiro estágio, fui bolsista de técnicas de animação na UFJF, estando no projeto de treinamento profissional por 2 anos.
Neste período eu já me preocupava em como eu faria para ingressar no mercado de trabalho. Afinal, por mais que o mercado de animação no Brasil estivesse em ascensão, trabalhar com animação tradicional ainda era algo meio nebuloso e distante para mim, pela falta de experiência e pela maioria das oportunidades estarem fora da cidade.
Quase ao final do meu curso, comecei a estudar o Adobe After Effects [programa de edição de animações], visando o mercado de trabalho e deu certo!
Com o conhecimento adquirido durante a faculdade de Artes e Design e a habilidade com a ferramenta After Effects, consegui o meu primeiro emprego como Motion Designer e, assim, dei início a minha carreira.
IH: Há um bom mercado para profissionais que desejam trabalhar com Animação Gráfica?
CW: O profissional de Motion Design pode trabalhar como freelancer, em agências de publicidade, estúdios de animação, produtora de vídeo, estúdios de games, canais de TV, produzir para canais do youtube e instituições de ensino.
Ele também pode seguir por um viés autoral e artístico. Ter um mercado de atuação diversificado e multidisciplinar, poder trabalhar de casa e com clientes de qualquer parte do mundo são pontos favoráveis da área.
IH: Geralmente, quais são as maiores dificuldades de quem está começando a aprender animação, seja no After Effects ou em outro software?
CW: Acho que, hoje em dia, o acesso à informação não é mais um problema: é possível aprender praticamente qualquer coisa com a internet. Porém, na internet, temos conteúdo gratuito e pago de ótima qualidade, assim como bastante lixo também. Talvez a grande dificuldade seja em filtrar todo este conteúdo.
After Effects é uma das melhores ferramentas para trabalhar com animação
O Adobe After Effects é um dos softwares mais usados para criar peças gráficas para TV e cinema, mesclando imagens e som de maneira a criar animações sofisticadas.
O programa é disponibilizado gratuitamente para testes por 30 dias, no site da Adobe. Aproveite!
O cinema de animação ainda sofre com falta de capacitação
Em 2017, a animação brasileira completou um século. Em 22 de janeiro de 1917, foi exibido o primeiro filme brasileiro de animação da história: O Kaiser, do cartunista Álvaro Marins.
O Brasil hoje, é referência em cinema de animação, com premiações consecutivas no festival de animação mais importante do mundo, o Annecy, na França.
Por dois anos consecutivos, longas brasileiros venceram o prêmio Cristal do festival. Uma História de Amor e Fúria, de Luiz Bolognesi, foi o vencedor em 2013 e O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, em 2014.
As leis de incentivo, como a Lei Murilo Mendes, os editais, o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) dão suporte ao aumento da produção.
No entanto, ainda são poucos os profissionais que são capacitados para escrever roteiros e produzir animações com qualidade técnica.
No mercado, há poucos cursos de capacitação na técnica de animação e, em geral esses treinamentos possuem carga horária alta e possuem mais especificidades do que um workshop simples de roteiro e produção, por exemplo.
Aqui na Impulso nós valorizamos o aprendizado e a disseminação de conhecimento sobre audiovisual.
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